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Trabalhos químicos

O Estudo de Degradação Forçada e sua Importância no Desenvolvimento de Medicamentos

Você sabia que o estudo de degradação forçada é uma etapa fundamental na garantia da qualidade e segurança dos medicamentos? Vamos mergulhar um pouco mais nesse assunto!


O estudo de degradação forçada (EDF) é uma etapa fundamental no desenvolvimento de medicamentos e tem o objetivo de avaliar a estabilidade e a integridade dos fármacos em condições extremas. Esse processo envolve a exposição intencional dos medicamentos a fatores de estresse, como calor, luz, umidade, ácidos, bases e oxidantes, a fim de simular as condições de armazenamento e uso que os medicamentos podem enfrentar durante sua vida útil.


Durante o período de validade de um medicamento, é possível que ocorram reações químicas indesejadas que resultem na formação de produtos de degradação. O EDF desempenha um papel fundamental ao permitir a detecção precoce dessas impurezas, o que o torna essencial para garantir a eficácia, segurança e qualidade dos medicamentos.


O EDF é útil para determinar a estabilidade química dos compostos ativos dos medicamentos, e, com isso, ele ajuda os fabricantes de medicamentos a estabelecer as condições de armazenamento e validade adequadas para garantir que os produtos farmacêuticos mantenham sua qualidade ao longo do tempo.


Os resultados do EDF são usados para desenvolver estratégias de formulação mais eficazes, que minimizem a degradação do medicamento durante o armazenamento e prolonguem sua vida útil. Além disso, esses estudos fornecem informações valiosas para a otimização dos processos de produção e embalagem, contribuindo para a fabricação de medicamentos de alta qualidade.


As agências reguladoras, como a Food and Drug Administration (FDA) nos Estados Unidos e a European Medicines Agency (EMA) na Europa, exigem estudos de degradação forçada abrangentes como parte dos processos de registro e aprovação de medicamentos. Essas agências estabelecem diretrizes e padrões rigorosos para garantir a segurança e a eficácia dos medicamentos.


No Brasil, a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 53 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é uma regulamentação que estabelece as diretrizes para o estudo de degradação. Essa regulamentação exige que os fabricantes de medicamentos realizem estudos de degradação forçada para detectar e, se necessário, identificar os produtos de degradação que podem ser formados durante o armazenamento e uso do medicamento.


Os estudos de degradação forçada (EDF) devem ser conduzidos conforme as diretrizes estabelecidas pela Anvisa e são realizados submetendo-se o medicamento as seguintes condições:

  • Hidrólise: O medicamento é submetido à ação de ácido e bases para simular a degradação pela hidrólise. Essa abordagem pode revelar a suscetibilidade do composto a diferentes pHs e condições ambientais.

  • Oxidação: O medicamento é exposto a agentes oxidantes, como peróxido de hidrogênio para investigar a estabilidade do composto em relação à oxidação.

  • Fotólise: Nesse método, o medicamento é exposto à luz para simular a degradação causada pela exposição à luz solar. A fotólise pode revelar a sensibilidade do composto e determinar qual o tipo de embalagem deve ser utilizado.

  • Térmica: O medicamento é submetido a altas temperaturas, normalmente acima de 50 °C, para avaliar sua estabilidade térmica e detectar quaisquer degradações induzidas pelo calor.

É importante ressaltar que a degradação forçada é realizada em condições extremas e não reflete necessariamente a degradação real que ocorre durante o armazenamento normal do medicamento. Os resultados da degradação forçada são usados para ajudar na formulação e nas diretrizes de armazenamento adequadas. Os produtos de degradação reais que podem ser formados são determinados ao final do estudo de estabilidade de longa duração .


Quando falamos em EDF, não podemos deixar de mencionar a química orgânica, pois ela desempenha um papel crucial no estudo. Como um ramo da química que se concentra na estrutura, propriedades, composição, reatividade e síntese de compostos orgânicos, ela oferece os princípios e métodos necessários para compreender e analisar as reações químicas envolvidas na degradação de medicamentos.


O EDF requer uma compreensão profunda das interações moleculares e das reações químicas que podem ocorrer quando os medicamentos são submetidos a condições adversas. A química orgânica fornece as ferramentas e conhecimentos necessários para investigar como os compostos orgânicos presentes nos medicamentos podem se decompor, reagir ou interagir com agentes externos.


Os químicos orgânicos são capazes de identificar e predizer as reações químicas que podem ocorrer durante o armazenamento e exposição dos medicamentos a diferentes fatores de estresse, como temperatura, umidade, luz, ácidos, bases e oxidantes. Eles podem analisar a estrutura molecular dos fármacos e prever sua estabilidade em diferentes condições. Além disso, a química orgânica é essencial para a análise e caracterização dos produtos de degradação formados durante o EDF.


Os químicos orgânicos utilizam técnicas analíticas, como espectroscopia de ressonância magnética nuclear (RMN), cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC) e espectrometria de massas para identificar e quantificar os produtos resultantes da degradação.


O conhecimento em química orgânica pode ser utilizado para otimizar as condições experimentais no EDF. Eles podem ajustar os parâmetros, como pH, temperatura e concentração dos reagentes, para simular com precisão as condições de estresse que os medicamentos podem enfrentar em diferentes ambientes.


A compreensão da química orgânica também permite a previsão dos mecanismos de degradação e a identificação das rotas preferenciais de reação. Isso é essencial para determinar os principais pontos de vulnerabilidade dos medicamentos e para desenvolver formulações que sejam mais estáveis e resistentes à degradação.


Dessa forma, o estudo de degradação forçada desempenha um papel crítico na identificação precoce de impurezas formadas durante a validade de um medicamento, assegurando sua eficácia, segurança e qualidade, além de contribuir para a saúde e bem-estar dos pacientes que os utilizam.


Referências:

- Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 53 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)

- ICH Q1A - Stability Testing of new Drug Substances and Product


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